RIO DE SONHO
Augusto César Proença
Era ele que me convidava a escutar o silêncio das margens
me trazia biguás estraçalha (dores) de peixes e
me dava de japa a inocência das garças.
Era ele que me jogava oferendas de flores
me trazia o ritmo encrespado das ondas de inverno e
me abria o sexo da menina em flor: seus segredos.
Era ele que me espelhava o sol, a lua, a meia lua, a lua cheia
me acendia a chama que existia em mim-menino e
me levava a acompanhar suas curvas indecisas.
Mas hoje o rio de sonho me deixou de dar sonhos.
Vai perdendo sua força, sua pureza de rio absoluto.
Traz o veneno das fumaças e das quedas dos barrancos.
Traz poeira seca de minérios, punhado de peixes enredados: seus desesperos.
Hoje o rio que já foi de sonhos carrega a ferrugem das margens.
Curimbatá, Pacu, Dourado, Pintado são recursos do passado.
São saudades nas lágrimas dos meus olhos.
que foto bonita,
ResponderExcluirabraços.