Quem sou eu

Escritor,roteirista e pesquisador da história e cultura pantaneira, recebeu vários e importantes prêmios literários, entre os quais o “Brasília de Ficção”, com o romance “Raízes do Pantanal”. O conto, “Nessa poeira não vem mais seu pai”, ficou como finalista entre 967 concorrentes do Concurso Guimarães Rosa, promovido pela “Radio Françe Internationale” em Paris. O mesmo conto transformou-se numa peça de teatro produzida pelo Grupo Teatral Minas da Imaginação e, roteirizado pelo próprio Autor, num curta metragem infanto-juvenil, “A poeira”, atualmente exibido no Programa Curta-Criança 3 da TV-Brasil do Rio de Janeiro. O Conto "O caso de Joanita" foi roteirizado para um média metragem, dirigido e produzido por Reynaldo Paes de Barros. A sua obra é referência em teses monográficas e vem sendo analisada e estudada nas universidades de Mato Grosso, Mato Grosso do Sul. Tem artigos, crônicas, contos, ensaios publicados em jornais, revistas, sites da Internet e entrevistas dadas a televisões e rádios nacionais e internacionais. Considera-se um ser mais biodegradável do que biografável, pois nasceu em Corumbá,MS, Cidade-Natureza.

quarta-feira, 16 de março de 2011

“A Chuva, a Alegria e a Enorme Emoção!”
                                                                                             Crônica de Augusto César Proença
Carnaval é alegria, música, alegoria, fantasia, samba no pé, mas pode ser  também uma carga imensa de emoção. E é dessa emoção sentida neste Carnaval de 2011 que vou falar nesta pequena crônica.
Tudo começou com um e-mail do presidente da Escola de Samba Caprichosos de Corumbá, o meu amigo Arturo Ardaya, me convidando para ser um dos homenageados da escola, entre tantos outros filhos de Corumbá, que se destacaram nos mais variados setores da vida ativa e que, por razões  inúmeras, hoje vivem fora da sua cidade natal.
Corumbá é a minha cidade. Nasci na mesma avenida na qual desfilei (domingo, dia 6) em cima de um Carro Alegórico, recebendo no rosto a mesma chuvinha que caía e me viu nascer numa madrugada escura e distante de agosto.
Confesso que foi a primeira vez que desfilei num Carro Alegórico, até então costumava desfilar (na mesma avenida) apenas num carrinho de bebê empurrado pelas mãos da minha querida mãe, fazendo um curto trajeto que vai da Rua Sete de Setembro, onde morávamos, à Rua Quinze de Novembro, casa da minha avó.
Desfilei com uma enorme emoção, sentindo fortes batidas no coração, batidas que atravessavam com o som de um Samba Enredo maravilhoso que pedia a volta de todos nós: “Volta pra casa, aqui é o seu lugar!...”
E digo mesmo que mais me emocionei durante o desfile, quando a Caprichosos entrou na  avenida e as lembranças me chegaram de tempos em que eu era jovem e  acompanhava os  blocos de sujos, mamando vodka com laranjada numa garrafa com chupeta e cantando: “Me dá um dinheiro aí... me dá um dinheiro aí!...”
Tempos que passam são tempos que não voltam e não vamos chorar por isso.
Só sei dizer que no início do desfile fiquei meio tímido, me apoiei na mesinha para não cair do carro que sacolejava naqueles velhos e desiguais paralelepípedos da Rua Frei Mariano. Mas quando chegamos à passarela da avenida, toda iluminada, as palmeiras enfeitadas, com todo aquele cenário de ilusão e carinho que fez parte da minha vida durante anos e anos, ah meu Deus!... Eu não me contive,  nem a chuva que caía foi capaz de me conter. Vibrei no samba, dei  voltas, abracei o vento, joguei  ternura e beijos para a galera das arquibancas que, também, emocionada, cantava em coro: ”Volta pra casa, aqui é o seu lugar!...”
Tanta empolgação tive, e de tal maneira, que sobressaiu em mim o amor que tenho  por essa avenida e acho que naquele momento do desfile ninguém notou que eu chorava, a chuva se encarregou de lavar as lágrimas da alegria que rolavam dos meus olhos e me fazia sambar, sambar com vontade,  sambar  cheio de contentamento de estar ali e de ter “ainda” (sim, é entre aspas mesmo!) muita saúde de jovem na cabeça e muito pique de samba no pé!
O Carnaval passou deixando saudades. O Brasil começa a funcionar, a realidade nos bate novamente e a esperança sempre será a última a morrer.
E hoje (domingo, dia 13) ao escrever esta pequena  crônica, envio os meus parabéns à turma da Caprichosos pelo brilhante desfile que realizou, pelo título de Campeã do Segundo Grupo e pelo espaço conquistado no Grupo Especial das Escolas de Samba de Corumbá. Agradeço a todos pela homenagem estimulante que recebi. E até a volta, se Deus quiser!...
                                                                                                                                                                                                

Nenhum comentário:

Postar um comentário